3.9.11

rain

Estou aqui, sentada à varanda do meu quarto, nesta noite gélida, e observo o cair da chuva. Ouço os passos de gentes noctívagas e os ventos fortes e circulares. Reflicto, passam-me imagens pela cabeça dos últimos dias que passei sozinha a vaguear por ruas estreitas e desconhecidas, e penso, mais uma vez, em ti. Desejo arranjar qualquer pretexto para falar, e apercebo-me que estou a sentir aquilo que sentia quando nos tínhamos acabado de conhecer, batendo um contra o outro, por mero acaso, naquele beco escuro e sombrio que, tanto tu como eu, utilizávamos como refúgio. Foi uma coincidência rara, mas deveras interessante. Começámos por sorrir, envergonhados, apresentámo-nos e as coisas fluíram. Fluíram, talvez demasiado e, talvez demasiado depressa. Dei por mim a chamar os outros pelo teu nome, a comparar personalidades com a tua, a sonhar contigo todas as noites, dei por mim a desejar mais uma palavra, mais uma conversa, mais um abraço, mais uma vez, mais outra, e outra. Moveste em mim forças que desconhecia, deste-me um ombro genuíno, e eu tentei retribuir, mas foi demais. Foi demasiado e foi demais, precipitei-me e, como seria de esperar, aleijei-me. Agora, só queria saber o que se passa dentro dessa tua cabeça na lua e saber se eu ainda passo por ela, só queria saber em quem pensas quando escreves certas e determinadas frases, só queria saber o que se passou contigo para te teres tornado tão frio. Só queria mais uma palavra, mesmo que fosse de despedida.

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