26.10.11

ausência

Passaram apenas uns dias, e eu já tenho tantas saudades dos teus lábios, meu grande amor. Queria chegar-me à frente, queria ser eu a correr atrás de ti e a agarrar-te com toda a força que possuo, não te deixando partir nunca mais para longe de mim. Queria refugiar-me nos teus braços, encostar a minha cabeça ao teu peito e ouvir, mais uma vez, o teu bater do coração. Bem pertinho do meu. Mas sabes que está na minha natureza ser eu a proferir as últimas palavras, e nunca as primeiras, que nos levam sempre a novas histórias para sítios longe dos iniciais. E eu sempre tive medo das mudanças. Eu quero ser portadora do derradeiro beijo. Só que não sei se aguento mais um dia sem poder gritar ao Mundo que te amo daqui até à Lua. Sem te possuir, mais uma vez. Porque eu passo as noites acordada a pensar no dia de amanhã. A sonhar que só te quero. E falar contigo sem te poder ouvir, enfraquece-me. Falar-te sem te poder confessar o que sinto, mata-me por dentro. E ouvir-te, sabendo que aquilo que de mais importante tens para me dizer, escondes só para ti, queima-me a Alma. Parece que o destino nos impôs esta separação, e isso dói tanto. Ainda assim, é preferível sentir que estou a enfraquecer dia após dia, a perder um pouco de vida, ou que a minha Alma se está a deteriorar, do que não sentir absolutamente nada. Meu anjo, pelos vistos, precisámos de muito espaço e de pouco tempo para entendermos que estamos destinados a fazer parte da vida um do outro. Mesmo que agora não façamos, sei, quando me olhas, que o que sinto é recíproco. Sei, porque quando me olhas de soslaio, ternuramente, volto a sentir-me quando me sentia quando ainda éramos estranhos. E isso é excelente. Porque era quando éramos estranhos que mais nos queríamos conhecer. Era nesses tempos que mais nos desejávamos, que mais procurávamos amar-nos mutuamente. E eu quero amar-te no escuro da noite. Quero amar-te na solidão dos dias mais gelados. Quero amar-te nos confins da dor. Quero amar-te à beira do precipício e, puxar-te para pertinho de mim, sem te deixar cair. Quero ser capaz de amar-te ainda mais do que te amei nessa altura em que estávamos, ainda, de rostos cobertos um do outro. Quero ser capaz de amar-te ainda mais do que te amei hoje, por entre olhares, lágrimas ocultas, e sorrisos de puro embraço. Quero amar-te fazendo de ti o meu ombro mais amigo, porque foi assim que, de início, aprendi a amar-te. Quero amar-te como se nunca te tivesse amado. Ou como se já tivesse amado noutra vida. Quero amar-te de novo, de início. Quero começar do zero, esquecendo os erros do passado e perdoando histórias criadas aparte da nossa, ainda que a mim própria, esquecendo quem é intruso e quem só quer a nossa ruptura. Quero pegar na tua mão e dar-me a conhecer a ti, de novo. Porque nós valemos a pena. Porque tu já me provaste que vales a pena.

3 comentários:

  1. Olá, Maddie, bom dia!!
    Amar é um vinho doce que nos dá prazer e embriaga, que nos delicia e nos liberta dos pudores, que nos faz querer mais que o tudo e expor abertamente a alma. Seu texto é puro amor, é pura exposição de um coração ternamente apaixonado, confiante, cativo, cativante. Um texto lindo, verdadeiramente lindo, e desafiador. Pois certamente há um risco enorme em amar assim – mesmo que sendo a melhor e mais doce forma de amar. Todos nós, afinal, gostaríamos de conhecer o lugar da adega que esconde esse vinho.
    Um abraço carinhoso
    Leo

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  2. é sim querida, desculpa a demora a responder :)

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  3. Bom dia Leo :)
    Desde já peço desculpa pela demora na resposta ao seu comentário. Não sei o que dizer face a tamanho elogio, mas agradeço-lhe imenso pelas palavras e pela opinião sincera. Além do mais, concordo plenamente na parte do risco que existe em amar assim - mas o que é a vida se não arriscarmos e se não confrontarmos os nossos medos? Beijos

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