27.11.11

és o meu pecado

Dizes-me que já voltas, pedes-me que espere por ti. E eu aceno-te com a cabeça. No entanto, no meu íntimo, sinto a esperança a dissipar-se por um bocadinho e penso, que nesse tempo, talvez perca a coragem. E censuro-me. E culpo-me. 
Voltei a cair na tentação. Raios, por que é que me fizeste amar tanto as palavras? Viciei-me nelas e viciei-me em ti. E amo-te a ti, sempre que as proferes. Em cada uma das vezes que o teu coração decide escrever para mim. 
E passei a ler-te todos os dias, outra vez. A ler as tuas palavras e a ler o teu rosto expressivo. A interpretar o teu olhar, ainda que recheado das mais puras lágrimas. E passei a escrever-te também, todos os dias. E a formular palavras, ao mesmo passo que formulava sonhos. E nós vivíamo-los tão intensamente. Nas nossas histórias. Eu sei que eu e tu somos pecado, e que temos de permanecer em segredo. E sei que as palavras nos foram proibidas. Mas não vivemos nós, tu e eu, e todos os outros humanos, através delas? O silêncio sufoca-nos e assola-nos. E, a mim, já me começa a assombrar outra vez, em noites de autodestruição. Eu preciso, não só dos teus olhares, mas das tuas palavras. Palavras, palavras, palavras. Que vício. Que tentação. Que pecado. 

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