12.1.12

noites de infinita saudade

Há noites, como esta, em que a saudade no meu peito é imensa. Tão imensa como o mar em que mergulho os pensamentos e o corpo em momentos de puro e duro desespero. E pior dor do que a da saudade é a de termos de calar o que sentimos. 
Ouvi hoje por aí que as palavras são armas poderosíssimas, mas será realmente assim? Entre nós sempre funcionaram como luzinhas ao fundo do túnel das nossas distintas vidas, esperançosas, enganosas. Sempre nos ligaram - no fundo, foram o incentivo da nossa cumplicidade.
Dói chegar ao fim de uma história com ainda tanto por contar. Dói ter de arquivar um capítulo das nossas vidas que sabemos mal ter tido oportunidade de ser vivido. Dói amar e não o poder demonstrar. Dói relembrar os laços que foram quebrados. 
Mas dói mais esta falta nas noites sós e frias, sabes? Dói mais o tocar incomodativo e único da nossa balada, ouvida no fundo das vozes alheias todas misturadas. Dói mais ouvir o estalar do isqueiro e o "amo-te, até logo" dito ao telefone num tom doce, de um qualquer alguém que nos dá um encontrão na vida. Dói mais o ver e não poder tocar. Dói mais o tocar e não poder beijar. Dói mais o beijar e não poder permanecer. 
Dói ter de calar, dói não poder ficar. Porque eu sempre te quis aqui, ao adormecer, sabes? Já o queria enquanto me adormecias com a tua voz baixinha a cantar-me uma música do nosso agrado ou a contar-me uma história com que nos identificássemos. Já o queria quando me deliciava com essa voz e essa personalidade bondosa, mordendo o lábio e estendendo os pés até ao tecto. Dói-nos tudo quando chega a altura em que o feitiço se vira contra o feitiçeiro, sabes? Aquele tempo em que o fumo do nosso próprio cigarro nos entra para os olhos e nos embacia a vista, nos ilude, nos confunde, nos irradia, nos inflama. Porque o amor ilude-nos, confunde-nos, irradia-nos, inflama-nos.


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