de sobra

Tenho querido escrever-te no meu caderno novo nas inúmeras noites - aquele com desenhos rebuscados que eu gostava de conseguir imitar. Mas nas noites a solidão instala-se e, sobre ti... sobre ti eu não quero nunca mais escrever coisas tristes. Esta noite difere das outras porque nesta noite eu sou feliz, porque hoje tu me fizeste feliz, amada, bonita, princesa... com as tuas mãos a fazerem-me cócegas e os teus elogios amorosos a fazerem-me (sor)rir. Os pequenos instantes em que hoje me fizeste sentir a mulher mais feliz e os tantos outros que fomos vivendo ao longo deste nosso tempo foram e continuam a ser muito mais do que suficientes para eu te poder escrever, aqui, de coração bem carregado de paixão, que enches os meus dias e os tornas nos mais perfeitos de sempre... que o teu amor me chega e me sobra para te escrever aqui meia dúzia de palavras sinceras e sorridentes, ainda que todo o resto da minha vida não me sorria como tu. Mas sabes, meu amor? Não me importa. Não posso esperar de outrém um sorriso tão único como o teu nem um sentimento semelhante àquele que me levas a sentir todos os dias - sempre de uma maneira inquestionavelmente mais forte e poderosa. Quando me deito no teu colo e me fazes festinhas no cabelo eu consigo esquecer o mundo inteiro, esse mundo sádico e sinistro sobre o qual subitamente pensei em te falar, prevendo já o choro, e lembrar-me  convictamente que eu e tu - desde há muito nós - apesar de já termos passado por noites em que escrevemos e dissemos e ouvimos palavras mais tristes e dolorosas, acabamos sempre, como hoje, com palavras bonitas.

E por isso, perdoa-me o meu silêncio nestes últimos dias.

Perdoa-me a distância que, por vezes, não consigo evitar, sem tirares da mente que estou sempre a teu lado.

Uma boa noite, porque um amo-te já não chega. Mas tu chegas-me. E um grandioso obrigada por também estares sempre comigo.