1.10.13

huge nothing

E lembro-me de dizer a outrém, com toda a convicção, que, quando a dois se vertem mais lágrimas do que se soltam sorrisos, nada vale a pena. E hoje, aqui estou eu. 
Porque para aconselhar alguém que nos é querido, para oferecer um ombro a um amigo, as palavras nunca nos faltam. Mas para ti, meu grande amor, palavras têm faltado. E hoje, ao ouvir uma música que me fez lembrar tempos sós - tempos de escrita - senti que somente às palavras me podia agarrar. 
Lembras-te também de dizer, a ti, que entre nós as lágrimas nunca se poderiam sobrepôr aos sorrisos? Hoje sei que, mais doloroso que o correr das lágrimas, é nem sequer conseguir chorar. 
E hoje, hoje sinto o ardor nas veias, hoje sinto as têmporas a latejar, hoje sinto o coração a bater mais rápido. Mas hoje, hoje não sou capaz de chorar. As minhas lágrimas estancaram assim como toda a paixão que sentia dentro de mim. Morreram. Voltaram, assim, as palavras, acompanhadas de um gigante nada, que agora é tudo o que (nos) resta.

29.12.12

fear of changes

Eu juro, juro, juro que queria mudar de cenário. Arrancar estas páginas antigas e, quem sabe, começar do zero. 
Eu juro, juro, juro que queria tirar deste meu espaçinho esta música melancólica e, mais do que isso, triste. Juro que queria, mas ouvi-la faz-me chorar, e... às vezes parece que chorar é sinónimo da vivacidade de algum sentimento dentro de mim - mais assustador que isso, da existência de algum sentimento... porque os meus dias são agora ocupados pelo vazio. Tanto, tanto. E quando choro, ao ouvir esta ou uma música tocada no piano, ou ao ver o vídeo um minuto, parece que me vicio nessas lágrimas e nessa mágoa, como se fossem essenciais para o meu sentir. E que me recordo de ti. Lembro-me de escrever. De escrever aqui. De escrever para ti.
Eu juro, juro, juro que queria mudar as minhas rotinas e juro que queria escrever. Escrever aqui. Escrever para ti. Mas estou confusa... ao escrever há tantas coisas que se tornam reais. Mas o que será pior? Chorar porque tristeza é a única coisa que sinto e viver presa à música e às palavras do passado, ou escrever novas histórias, novas memórias e mudar a música e criar um novo capítulo deste espaço que só a mim me pertence e ver tudo ganhar forma e tornar-se (ainda mais) real? 
Oh, eu não quero tornar os meus medos reais, e muito menos as histórias que me acompanham e que são, de facto, acontecimentos que não posso nem nunca poderei alterar. Eu queria muito mudar, mas sabes? Tenho medo da mudança. Tenho medo que voltar a esta escrita maldosa e triste, muito triste - como a música - traga de volta fantasmas que insisti em guardar dentro duma caixa que nunca mais quero abrir. Porque sei que, ao escrever, a tendência é sempre o passado. A tendência és sempre tu. Escrever aqui. Escrever para ti. E oh, eu tenho medo do passado. Mas o pior, oh sabes o que é o pior? Tenho medo do futuro. Do nosso futuro. 

19.12.12

pergunto-me

Pergunto-me quando é que os dias ficaram tão longos e as noites tão tristes; quando é que o amanhecer e o anoitecer passaram a demorar tanto a acontecer, a cultivar em mim tanta ânsia; quando é que as horas, os minutos, os segundos e até mesmo as mais ínfimas divisões do tempo se transformaram em blocos de gelo - blocos que não se movem enquanto tu não chegas; quando é que dormir sem ti se tornou tão doloroso - terá sido quando dormir contigo se tornou igualmente caloroso?; quando é que a ideia de te perder se tornou tão insuportável; quando é que um futuro sem ti a meu lado se tornou tão inconcebível. Pergunto-me quando é que ganhaste este lugar gigantesco no meu coração, um coraçãozinho outrora pequeno e esmagado, que se encontrava fechado a sete chaves. Pergunto-me como conseguiste a chave. Terá sido com promessas? Pergunto-me como alcançaste sequer um pequenino lugar nele; pergunto-me, com ainda mais espanto, como é que, ao longo de tempos e tempos, o teu lugar só cresceu - tanto que hoje já nem cabe, tanto que hoje já nem cabes em mim. Um lugarzinho que agora é infinito.
Eu não sei como, nem quando. Pergunto-me. Dou voltas e voltas na cama e pergunto-me. Dou por mim a pensar em todo o lado. Mas não sei. Pergunto-me.
Mas também há coisas que sei. 
Sei que te sinto comigo mesmo quando não estás por perto (e se isso não é amor, então o que é?), sei que te sinto a falta mesmo quando estás ao meu lado (pssst, é quando estás a dormir e eu estou bem acordada a olhar-te e a decorar-te as feições e as linhas do rosto). Sei que te conheço e que te vejo como mais ninguém te vê, porque o amor me ensinou a aprender-te e a olhar-te desta forma que mais ninguém conhece em ti senão eu. 
Talvez nem faça sentido para ti, mas eu sei que só sei ser eu quando estou contigo e que sem ti não sei ser eu. Talvez já nem saiba escrever e já nem as minhas palavras façam mais sentido para ti.

    • (Promessa dos dedinhos?)

    20.9.12

    diferenças

    Nunca pensei escrever isto, mas o teu coração é pequenino pequenino. Não tem espaço para mim. Porquê, porquê, se tu nem cabes em mim? Porquê, porquê, se tudo em mim tem um pouco de ti? Porquê, porquê, se te amo, assim? 
    Até ao infinito e mais além. ∞