E lembro-me de dizer a outrém, com toda a convicção, que, quando a dois se vertem mais lágrimas do que se soltam sorrisos, nada vale a pena. E hoje, aqui estou eu.
Porque para aconselhar alguém que nos é querido, para oferecer um ombro a um amigo, as palavras nunca nos faltam. Mas para ti, meu grande amor, palavras têm faltado. E hoje, ao ouvir uma música que me fez lembrar tempos sós - tempos de escrita - senti que somente às palavras me podia agarrar.
Lembras-te também de dizer, a ti, que entre nós as lágrimas nunca se poderiam sobrepôr aos sorrisos? Hoje sei que, mais doloroso que o correr das lágrimas, é nem sequer conseguir chorar.
E hoje, hoje sinto o ardor nas veias, hoje sinto as têmporas a latejar, hoje sinto o coração a bater mais rápido. Mas hoje, hoje não sou capaz de chorar. As minhas lágrimas estancaram assim como toda a paixão que sentia dentro de mim. Morreram. Voltaram, assim, as palavras, acompanhadas de um gigante nada, que agora é tudo o que (nos) resta.