19.12.12

pergunto-me

Pergunto-me quando é que os dias ficaram tão longos e as noites tão tristes; quando é que o amanhecer e o anoitecer passaram a demorar tanto a acontecer, a cultivar em mim tanta ânsia; quando é que as horas, os minutos, os segundos e até mesmo as mais ínfimas divisões do tempo se transformaram em blocos de gelo - blocos que não se movem enquanto tu não chegas; quando é que dormir sem ti se tornou tão doloroso - terá sido quando dormir contigo se tornou igualmente caloroso?; quando é que a ideia de te perder se tornou tão insuportável; quando é que um futuro sem ti a meu lado se tornou tão inconcebível. Pergunto-me quando é que ganhaste este lugar gigantesco no meu coração, um coraçãozinho outrora pequeno e esmagado, que se encontrava fechado a sete chaves. Pergunto-me como conseguiste a chave. Terá sido com promessas? Pergunto-me como alcançaste sequer um pequenino lugar nele; pergunto-me, com ainda mais espanto, como é que, ao longo de tempos e tempos, o teu lugar só cresceu - tanto que hoje já nem cabe, tanto que hoje já nem cabes em mim. Um lugarzinho que agora é infinito.
Eu não sei como, nem quando. Pergunto-me. Dou voltas e voltas na cama e pergunto-me. Dou por mim a pensar em todo o lado. Mas não sei. Pergunto-me.
Mas também há coisas que sei. 
Sei que te sinto comigo mesmo quando não estás por perto (e se isso não é amor, então o que é?), sei que te sinto a falta mesmo quando estás ao meu lado (pssst, é quando estás a dormir e eu estou bem acordada a olhar-te e a decorar-te as feições e as linhas do rosto). Sei que te conheço e que te vejo como mais ninguém te vê, porque o amor me ensinou a aprender-te e a olhar-te desta forma que mais ninguém conhece em ti senão eu. 
Talvez nem faça sentido para ti, mas eu sei que só sei ser eu quando estou contigo e que sem ti não sei ser eu. Talvez já nem saiba escrever e já nem as minhas palavras façam mais sentido para ti.

    • (Promessa dos dedinhos?)

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