4.6.11

I hate goodbyes

Quando estou com a cabeça sobre a almofada, serena, lembro-me de ti e a saudade ataca-me o coração que estava tão sossegado. Escorrem-me lágrimas pela face e molham-na, molham a minha almofada, os lençóis nos quais em tempos te deitaste, o meu corpo cujos cantos conheces, um a um. Não tenho saudades de ti... ainda hoje fui eu quem me despedi, repentinamente, e saí de perto de ti. A noite caiu e vieste à janela só para me veres, uma última vez, e me sussurrares a palavra "amo-te". Só sorri, secamente. Tenho saudades de sorrir espontaneamente e de ser verdadeiramente feliz, sabes? Tenho saudades de nós. Sorri e virei costas, limpando mais lágrimas, de despedida. Ou lágrimas vindas do receio da despedida. De hoje em diante será sempre assim: lágrimas e receios. O meu coração sangrará tal e qual como nessas noites e os meus olhos chorarão como se derramassem as últimas gotas de água do deserto. No meu espelho estará o teu reflexo e as tuas mágoas assombrar-me-ão. O teu sofrimento estará a toda a hora em sintonia com o meu, que se duplicará. Nessas mesmas noites, a lua que outrora aparentara ser cheia, ficará sem ponta de nada. Vazia. Os espaços dos meus e dos teus dedos ficarão também vazios. Os sítios que pisámos ficarão sem magia. O meu corpo soará adormecido, apenas como uma sombra que vagueia pelas grandiosas Avenidas do Mundo, e tudo perderá o sentido.

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