5.6.11

hope

Atravesso jardins solitários e sem lua, correndo contra o vento pesado e quente, tento-me sonhadora tal como outrora, tento unir a minha alma à tua em todos os cantos do mundo. Em todos esses cantos me uno ao horizonte, à brisa suave destes ventos e marés. E aqui, nesta pura noite desfeita, procuro quebrar a minha dor que necessita de harmonia! Embalo o silêncio vivo à minha volta, calam-se todos os meus sonhos perdidos na magia do tempo, e sob as marés do presente procuro nas ondas um rumo, um caminho. Só procuro e quero algum encanto, sem medo nem receio, vivo e inteiro. Murmuro por impulso palavras que antes eram nossas, sorrio à sombra tremendo, ansiando um futuro. Procuro e quero atingir a distância mais longínqua, quero-te daqui até à lua. Procuro-te possuído e presente, aberto e sem limites, procuro o teu espírito entre o ritmo e a força do mar desta noite inteira. Em ti renascerá o milagre de um Mundo meu, o milagre de ter de volta todas as coisas que eram minhas. Serias um milagre num mar silencioso ou sonoro, mas sem fundo, sem fim, e apenas criado por mim. O vento levaria os mil gestos agitados e cansados, irreais. Tenho que cumprir o sonho do meu impulso, que vai e que vem, e nem no futuro passa... e solto um grito pesado e puro procurando um novo Mundo. Vou perder-me e encher-me de esperança... esperança de nos encontrarmos já sem razões para desentendimentos. Vou correr até ao céu e abraçar-te, pensando num relógio sem ponteiros tilintando no vazio. E vai ser tão fundo o meu engano, vai ser apenas um momento, o último instante. Alimento-me de esperança, mágoas e desespero, já não sei o que quero e procuro. Aqui, encontro sem esforço a verdadeira liberdade. És sempre um ser humano quebrado e sem rosto, por mais que eu te chame e te persiga.

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