5.7.11

freedom

Mergulhei numa onda, bem rente à areia, e estendi os braços à procura de paz. Na ponta dos dedos senti algo. Era um rosto. Um rosto suave, delicado. Eras tu. Pelo menos, era a tua imagem no meu pensamento. Era o desejo que estivesses ali, mais uma vez, a pesar-me um corpo, arrastando-me para dentro de uma outra onda e implorando que a partilhasses comigo, como se ele próprio tivesse uma voz. Desejei ver-te mais uma vez, dar-te a minha mão, confessar-te mil e uma coisas que senti na tua funda ausência, abraçar-te por uma última vez, proteger-te e ter sentir-te. Quero sentir-te para além da distância, quero sentir-te perto de mim e não apenas do meu coração, quero sentir-te no meu cantinho, no meu espaço, quero sentir-te perto do meu corpo e não só da minha mente, quero sentir a tua voz, quero sentir a tua presença! Quero guardar em silêncio, corada, envergonhada e sem jeito essas tuas palavras de excelente amigo, quero ser a tua ouvinte, quero ser a tua eterna  confidente. Quero saber os teus mais profundos segredos e guardá-los como se fosse um túmulo enterrado num deserto, quero ter o poder de te responder às questões que te (nos) dão a volta à cabeça, quero ser capaz de te ter por perto e, acima de tudo, de te preservar. Por mais que diga que é um derradeiro momento o que mais desejo, sei que não aguentaria ter-te a meu lado só mais uma vez. Fazes-me querer sempre mais, porque tudo aquilo que tenho - que é tão pouco - te pertence. Quero o teu ombro amigo e a tua companhia a aconchegarem-me, quero pôr para trás das costas a melancolia e, de uma vez por todas, escutar apenas o coração. Quero vivenciar, saborear e desfrutar de uma história em que os dois seremos protagonistas, experimentando o doce paladar da liberdade. A liberdade de sermos um do outro, sem restrições, sem porquês, sem justificações e sem proibições. Quero secar estas minhas lágrimas tão salgadas como as gotas deste vasto mar em que me encontro e se confundem, quero ocultá-las e cessar esta angústia revoltante. Quero que esta tristeza por não te ter deixe de me consumir, lenta e ferozmenete. Quero antes poder ter-te, e deixar que isso me consuma, lenta e permanentemente. Quero levar comigo as tuas expressões diversas, as lembranças que me deixares e os rastos teus que ficarem no meu coração - todas as memórias que agora possuo - e levá-las para longe, levá-las comigo para os quatro cantos do Mundo. Quero escapar daqui, quero debruçar-me num parapeito de uma janela, numa noite de verão em que a brisa é quente, e ter a surpresa de te encontrar, para que juntos, possamos recordar essas memórias que tenho e vivê-las de novo. Quem sabe, para que possamos criar memórias novas, num futuro mais próximo. Quem sabe, possamos rescrever esta história. Quem sabe, possamos criar uma nova, sem ninguém à nossa volta. Quem sabe, possamos voltar a estar juntos. Quem sabe, possas voltar a ser a única pessoa que me faça sorrir, e vice-versa...um dia.

E nesse tão esperado dia, quero ter a liberdade de me transformar, em parceria contigo, naquilo que sempre sonhámos, numa dupla, e aí, voltarei a dizer-te, com um sorriso rasgado estampado na minha face, e desta vez como um sussurro ao ouvido, enquanto te deitas ao pé de mim, na minha cama: "fazes-me bem".

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