8.8.11

restart

A força da distância física tem-se revelado mais poderosa do que a do nosso amor. O amor passa, então, a conhecer barreiras irredutíveis, e eu choro quando não sinto vontade de tal, involuntariamente caem-me lágrimas e lágrimas sem fim, adormeço quando o sono não reina, desisto quando o meu coração me diz para dar ainda mais de mim! Os meus pés caminham sem um rumo traçado, desloco-me para destinos completamente novos para mim, de olhos vendados e de braços estendidos, procurando-te no escuro. As sensações são distintas em cada dia desta minha vida, e hoje só sinto o teu desprezo fúnebre, a tua ganância e a tua indiferença, e também eu me rendo a eles. Ponho o rancor, totalmente invasivo, de parte e esqueço-te por um bocado, sem dar por isso, durante estes dias um pedaçinho mais felizes. Não me lembro de ti, nem por um segundo, nestes dias em que varro as praias e as ruas, lavo as vistas e inalo o perfume suave e refrescante da maresia. Esqueço-te sem saber como, esqueço-te sem saber o porquê, mas esqueço-te sem remorsos. Rendo-me à ausência das palavras, às quais antes me agarrava para suportar as aflições e as angústias, e, meu querido, as tuas palavras sedutoras, cheias de pequenas mentiras e de clichés, colidem com este meu silêncio. A felicidade vai-se instalando nestes meus dias e nestas minhas noites de verão, a pouco e pouco, e, consecutivamente. As minhas memórias vão-se renovando e o meu coração vai-se esquecendo da tua existência, também a pouco e pouco. Organizo as minhas novas ideias, crio novos ideais, e vais deixando de permanecer em mim, também consecutivamente.
Rasgo as minhas, agora velhas, roupas, tatuo o meu corpo com floridos de cores garridas, faço as malas, abandono as portadas de minha casa e fujo, para longe de mim própria... e de ti.

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