15.10.11

sad celebration

E assim se passa um ano, em menos de nada. Um ano de esperanças e de muito amor. Um ano cheio de beijos, carícias, entregas e beijos comprometedores. Um ano de alegrias e desentendimentos. Um ano que mereceu, decerto, uma comemoração. Uma comemoração que arrasou comigo.
Nessa noite em que, teoricamente, saímos para celebrar, levaste-me a casa, e mal abri a porta do carro, lágrimas salgadas invadiram os meus olhos, que tenderam a ficar vermelhos e brilhantes. Fiquei devastada depois daquelas curtas, mas longas horas ao pé de ti. Há palavras que doem, e silêncios que ainda doem mais; palavras que ficam na memória, silêncios que são desconfortáveis e que retiram a natural vitalidade ao amor. Eu não esqueci as palavras proferidas naquela noite, nem me irei esquecer dos silêncios que nos abraçaram, nem dos pequenos momentos em que, de súbito, te afastaste de mim como se fossemos meros estranhos, tratando-me com desprezo e arrogância. 
Hoje custa-me olhar para ti e sentir que nada restou daquilo que eras quando conseguiste que me apaixonasse por ti, por esse eu já antigo que as forças do vento conseguiram arrastar com ele e que foi substituído por uma sombra. Custa pensar que és agora um resto de um nada nada que vagueia pelas ruas sem sentido e sem objectivos. Custa saber que és só um corpo sustentado por ossos, que és apenas esses olhos que eu, com os meus, vejo. Custa olhar para trás e aperceber-me que os teus olhos não mudaram, nem de cor, nem de brilho, mas que o teu olhar mudou. Para comigo. Vejo que já não me olhas como antigamente, vejo que já não me olhas com a doçura de outrora, vejo que já não me olhas como antes, como quando me amavas. Vejo que o teu olhar agora é doente e se desvia rápido do meu, ignorando-o. Tu já não me amas, e eu já o sei há tanto tempo. Soube-o ainda antes de tu o saberes.
Agora sinto que me fizeste depositar total confiança em vão, sinto que te amei em vão, sinto que passei noites enrolada no teu corpo em vão, sinto que me entreguei a ti e que te entreguei o meu frágil coração em vão, sinto que o abri para ti em vão, sinto que me mostrei a ti em vão, sinto que criei esperanças à nossa volta em vão, sinto que corri atrás desse nós em vão, sinto que te dei tanto e que esse tanto foi demais. E que foi em vão. É esta a única realidade que paira na minha cabeça confusa, gélida, atenta. As tuas palavras, agora secas e desprovidas de sentimento algum, mexem comigo, a tua voz rouca faz o meu coração bater a mil à hora, num estalar de dedos. Não sei o que ainda tens que mexe comigo, mas sei que, apesar de não te achar o mesmo e de não te reconhecer mais, ainda és indispensável. 
Este foi um ano que deixou muitas marcas, algumas histórias e umas tantas ou poucas feridas, por isso, apesar de tudo, meu amor, mostra-me que estes 365 dias que passaram  por nós não nos passaram ao lado, mostra-me que não foram em vão. Mostra-me que continuas aí, que continuas o mesmo de sempre, por baixo dessa máscara que mostras aos outros, faz transparecer aquilo que realmente és e aquilo com que te identificas, sê fiel a ti próprio, despe as roupas falsas que vestes e que tanto te cobrem, que tanto te escondem, tira da frente do rosto todas as mechas de cabelo que o emolduram, solta as palavras que carregas com rancor, faz com que volte o teu olhar ternurento e beija-me como dantes fazias, daquela forma amorosa e super subtil. Mostra-me aquilo que não sou capaz de ver, mostra-me onde estou errada.
Eu amo-te e quero amar-te por muitos mais anos, longos e bem vividos, felizes! Eu amo-te em todos os amanhãs que o Mundo tiver.


13-10-2010; 13-10-2011 

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