23.10.11

when the rain becomes typical

Tenho tanta coisa para te dizer, tanta coisa que calei nestes últimos dias, tanta coisa que invadiu os meus pensamentos mais íntimos, à noite, antes de o meu corpo pesar na cama, e o meu subconsciente, através dos sonhos marcantes e sombrios, e que não saiu de dentro de mim. Pensamentos, ideias e ideais que me perseguiram e que eu só desejei transmitir-te, mas nas manhãs seguintes tudo se tinha apagado. Como nós. Como as nossas mãos e os nossos cheiros. Tudo se foi desvanecendo. Todas essas simples e pequenas coisas, que para nós tanto significado tinham, se dissiparam nos ares, enquanto as emoções nos abandonavam a nós sem darmos conta, elas abandonavam os nossos dois corpos, deixando-os mais distanciados do que a própria distância nos tinha distanciado, essa distância que outrora tinha sido um enorme obstáculo. 
Mas com a chuva desta tarde, sinto de novo os cheiros nos ares e as tuas mãos a reaproximarem-se das minhas. Sinto esse toque que não existe, e um desejo que é mais do que verosímil. Sinto esse desejo de os nossos corpos se tornarem um só. Sinto-te a falta. Essas ansiadas gotas de chuva caem como se fossem sinais do destino, limitando-se a trazer para ao pé de mim saudade de momentos passados e pequenos traços de esperança. De vitalidade, de juventude, de força para trazer esses momentos de volta ao presente, à realidade. As gotas de chuva deixam de ser apenas um fenómeno natural, e transparecem algo que nos é querido. Alguém que nos foi querido. Tu. Eu quero-te de volta, meu amor. Quero-te de volta como andava a querer de volta a chuva desde que o Outono chegou, em data. Quero-te de volta com a chegada não anunciada e para lá de literal, desta estação despida e cheia de tons quentes e de tons pastel. Quero-te de volta para passarmos tardes, como esta, frias e chuvosas, no sofá, a ver filmes típicos de fim-de-semana, uns seguidos de outros. Quero-te de volta para que possamos adormecer ao  som da chuva. Aconchegados um no outro. Quero-te de volta para nos beijarmos debaixo da chuva, apaixonadamente, correndo em busca do amor eterno, como vemos por aí, nesses filmes românticos. Quero-te, amo-te, idolatro-te.



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