9.11.11

nightmare

Nós costumávamos sonhar um com o outro, uma vez e outra, e era sempre em simultâneo. Logo que alguém nos acordava, destruindo esse sonho e o que poderia surgir a seguir, corríamos um para o outro e partilhávamos dois Mundos que só desejávamos ver unidos. Mas naquela noite em que sonhei com o nosso beijo, ansiado, dolorosamente longo, feroz, o momento tornou-se num puro pesadelo. Porque sempre soube que a realidade começa nos sonhos e, a partir desse, apercebi-me daquilo que realmente sentia. Abri o meu coração para ti, sem nunca te confessar a intimidade profunda que possuíamos no meu subconsciente, abri-o e recebi tudo aquilo que tinhas para me dar, sem negar nada. Sem receios, sem sentimentos de culpa. Todas as palavras carinhosas e todos os elogios sinceros. E guardei tudo cá dentro, sem excepção. Guardei os abraços esperançosos que me ofereceste, aqueles ocultos do resto do Mundo. Porque, falando em Mundos, nós sabíamos que só os nossos importavam. Que só as nossas fantasias e as nossas miragens importavam. E vivemos uma história às escondidas, baseada nesse pesadelo, desse pouco ou nada importante Mundo. E falámos em sussurro um ao outro sem que ouvidos alheios nos entendessem, e desejámos as boas noites um ao outro com poemas declamados numa voz tímida, e começámos ambos os nossos dias com uma palavra do outro pela manhã, e proferimos emoções, sempre sem saber que palavras também ferem. E é por isso, por agora saber que as palavras também ferem e que, acima de tudo, também traem, que me sinto obrigada a despedir-me desta história bem imaginada. Apesar de saber não ser capaz de suprimir os sonhos e os pesadelos e que, por eles vamos ficar, inevitavelmente, ligados, ignoro a realidade e evito a tua presença... adeus para sempre, em palavras, meu eterno bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário