9.11.11

look into my eyes

Somos nós dois a maior nódoa do nosso passado. A nódoa inapagável, suja, rancorosa. Criamos os nossos fins sem propósito de tal, e conseguimos que eles sejam sempre mais dolorosos do que os anteriores. Conseguimos acabar sempre mais magoados e mais calados do que na noite anterior. Tenho os meus olhos inundados em águas salgadas que não teimam em não escorrer. E que não escorrerão em lugar nenhum, não seja ele o teu ombro. Por isso, meu grande amor, pega-me ao colo com esse teu jeito de sempre e leva-me aos céus e aos mares e aos sonhos mais mágicos. Olha-me nos olhos e diz-me aquilo que tanto preciso ouvir de ti, sem desviar o olhar ou sem desistir a meio da palavra. Porque eu sei que não apontei de início os meus sentimentos por ti num caderno somente nosso, mas eu quero começar de novo e desenhar cada letra ao mais ínfimo pormenor. Porque eu sei que só te entreguei o meu coração depois de muitas provas de amor, mas eu nunca quis que ele se desfizesse em estilhaços, como um vidro. Porque eu estou disposta a esquecer as histórias malignas que criámos aparte da nossa e a dar-te o que ainda restar em mim, mesmo crendo que já ter dado tudo.
 

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