27.12.11

lost

Já é de madrugada, meu amor. Perdemo-nos por entre as espinhas vertiginosas do tempo. Perdemo-nos na imensidão do tempo. Perdemo-nos e não nos encontro em lado nenhum, sabes? E por muito que continuemos a falar até à madrugada seguinte, ou mais além, continuaremos perdidos. No meio do tempo, no meio do sono, no meio dos sonhos. Já é tarde, meu amor. E não vamos deitar tudo a perder por umas ou outras palavras. Não vamos deitar tudo pela janela fora para arriscar um novo sentimento que não sabemos definir. Não vamos navegar por mares desconhecidos, nem pisar terra alguma de olhos vendados. Não vamos prolongar as conversas e as esperanças. Porque estamos perdidos. Mais do que acabados. Porque nos deixámos perder. Porque nos deixámos esquecer. E já nem nas palavras nos vejo.
Não sabemos quem somos, para onde vamos. Sim, sei no que agora pensas - que sabemos o que queremos. Mas, nem sempre o que queremos é o que precisamos. E nem sempre o que sentimos é o que falamos. E nem sempre os sonhos correspondem à realidade. Por isso, vamos dormir. Vamos adormecer o nosso sonho. E amanhã, ao acordarmos tarde e com os horários trocados, com as ideias vazias e difusas, fingimos que foi tudo um sonho e seguimos com as nossas vidas, sem as palavras do outro. O que importa está no coração, sabes? E eu aí guardo-te. Quietinho, silencioso. Garanto.

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