6.12.11

perdas

A menina tinha tudo e no dia a seguir não tinha nada. Num dia tinha uma casa, uma família, um alguém que dizia estar disposto a cuidar dela a todo o momento. E noutro, tinha apenas uma mochila leve às costas... leve, mas que se tornava num fardo pesado, num peso insustentável. 
Caminhava sozinha até à estação de comboios mais próxima, sem sequer saber para onde se dirigiam. Deambulava pelas ruas sem destino, e sem nenhuma mão que pudesse agarrar, de forma a obter um bocadinho mais de força. As pernas estavam doridas e a voz, baixa e ténue, tremia-lhe, como se fosse saída de uma história de terror. O peso era apenas de umas folhas, de umas notas e de uma caneta. Tinha tanto e tão pouco às costas, mas tanto por ver e por descrever à sua volta. Tinha um Mundo à sua espera, um Mundo que podia contar, recontar, imaginar e recriar a toda a gente através das palavras e, acima de tudo, das entrelinhas. Era tão nova e sofrida, mas tinha ainda tanto por viver. Espantosamente, nem por um dia perdeu a esperança.

1 comentário:

  1. Oi, Maddie, boa noite!!
    Perdas são tão doloridas! Pesa-nos tanto seu fardo! Contudo, educa-nos para a vida, para a construção do nosso caráter, para a concepção de uma capa de esperança sobre nosso coração...
    Belíssimo texto, querida, parabéns.
    Um beijo carinhoso
    Leo

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