5.4.12

what are words?

Fico a chorar por dentro, infinitamente, quando me dizes que as coisas que te escrevo são deslumbrantes, com aquela voz babada. Porque, meu amor, tu és o meu bem mais precioso - tenho-to dito. E eu gostava que sentisses as palavras que te escrevo e que as agarrasses com uma força imensa, como se elas fossem mesmo tuas. Eu escrevo-te antes de dormir porque as noites me aterrorizam quando não estás ou quando os teus silêncios se instalam nos céus escuros e ventosos. Foi assim que eu comecei a escrever sabes? Numa ausência. Na ausência de um alguém que partiu sem nunca mais voltar para os meus braços... e eu que sempre estive de braços abertos! E eu escrevo-te porque esse pânico vem quando o sol se põe e me abraça como um super-poderoso, e eu tenho medo... O medo passa quando o sol nasce, no entanto o ciclo volta. Porque depois de uma ausência, depois de algumas ausências que se tornaram rotina, vieste tu de não-sei-onde para colorir a tela da minha vida e para dar uma nova vida ao meu sorriso, um novo brilho ao meu olhar sinistro e medroso. E doeu confiar em ti e aceitar os teus braços e abraços, encostando-me sobre os teus ombros sem te rejeitar. Doeu, porque antes disso eu vivia contemplando o escuro do meu quarto que estava todo o dia e toda a noite de estores corridos e com as luzes apagadas. A minha mente estava numa insanidade total que me levava a querer matar os fantasmas do passado que viviam dentro dela, sem conseguir sair da solidão. E quando tu chegaste e te aproximaste de mim, eu finalmente quis pôr fim à vida a solo e deixei-te vir. Mas hoje tenho medo que me deixes ir outra vez. Escrevo-te porque tenho medo de não ser suficiente e, essencialmente, tenho medo de não te dar o que mereces. Tenho medo de calar mais do que confessar, de retrair mais do que beijar. E por isso, escrevo-te - talvez seja isso o que tenha para te oferecer. 

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