15.5.12

promessas

Logo à noite, quando me telefonares, não prometas. Amanhã, quando me despedir de ti com um olhar despedaçado, não prometas. E amanhã à noite, quando me telefonares mais uma vez, para te despedires antes de ires dormir, não prometas. Não prometas mais. Porque prometes estar comigo mesmo quando não estás, mesmo naqueles dias em que não estás para isso, mesmo naqueles dias em que estás sabendo que eu estou só a fazer o esforço para não ficares triste, mesmo naqueles dias em que estou tão triste que nem tu consegues lidar com isso. Olho para o lado e não estás lá, olho para dentro de mim e não estás lá, olho para todo o lado à procura de um sinal ou de uma pequena mensagem que não existe, tento chegar a ti e nem sequer me deixas. Sinto que invado um espaço que é só teu quando me prometeste desde há muito para cá que já só havia entre nós vivências a dois, em espaços a dois. Prometes-me um mundo inteiro sem sequer me conseguires dar o teu. Era o único que eu queria. Prometes-me viagens e loucuras e esqueces-te de cumprir o voto mais valioso e simples de todos os amores: aquele em que prometes dar-te. Esqueces-te que, para mim, só tu importas. Esqueces-te que és o meu mundo. Esqueces-te que o meu desejo mais profundo se limita a fechar as luzes do teu quarto e tentar chegar aos teus lábios e saborear apenas esse instante. Prometes-me momentos e momentos e momentos em que esqueceremos tudo à nossa volta, e eu continuo sem sentir que o tempo para nós exista. Tempo para nos esquecermos que o tempo existe. Prometes-me luxos duradouros, quando tudo o que eu queria era uma noite só minha e tua. Coisas simples. Beijinhos na testa de respeito, beijinhos no meu nariz frio, uma flor, palavras ao meu ouvido antes de eu adormecer, festinhas no cabelo quando as lágrimas me escorrerem pela cara, um abraço forte para quebrar o silêncio, uma palavra simpática de bom dia, chamares-me de amor, uma surpresa, um olhar fundo no meio da multidão. Qualquer coisa simples que mostrasse que, depois de tanto tempo, me vês todos os dias com olhos de quem está a ver o mundo inteiro e me conheces ao pormenor. Gostava. Amava. Porque tu prometes-me. E prometes-me. E fazes juras que acabam em "para sempre". E sabes que eu nunca me dei bem com promessas, muito menos de eternidade.

2 comentários: