20.6.12

no more silence

Esta noite apetece-me falar de ti. Mesmo que doa. Porque impossível seria deixar-te morrer, meu anjinho. Já não digo branco porque o céu para nós, tem vindo a escurecer muito. E tu já não és aquele que me guia com as suas palavras - elas difundiram-se nas nuvens e no fumo. Mas és meu. Isso sei que serás sempre - as palavras são eternas, intemporais, imortais. E eu não sou capaz de as tirar de dentro de mim. Sou determinada na maioria das coisas, confiante, ando na rua de cabeça erguida, menos quando por ti passo. O coração acelera e é-me impossível arrancá-lo com uma mão, para escrever com a outra. A escrita envolve-o, envolve-me. A minha escrita envolve-te, a ti. É assim que a posso descrever.

Tendo a escrever sobre os instantes que passámos, tão poucos, mas que souberam a tanto.  Tão puros. Porque há pessoas que nos marcam e que nos enchem as medidas do coração, que entram dentro de nós lentamente, como um cigarro que deixamos a queimar quando nos distraímos. Pessoas que nos conquistam com um simples sorriso ou com uma simples balada acompanhada da guitarra ao deitar. Quer dizer, não há pessoas. Em cada vida há uma dessas pessoas. E na minha foste tu.
Quando vieste gravaste, cravaste e rasuraste em mim essas tuas milhentas palavras, sem pudor algum. No entanto com imenso poder. Poder de sedução. Eloquência. Escreveste-me coisas tão bonitas, sabes? Leste-me baixinho, envergonhado, ocultando as palavras mais emocionantes, declarações das mais belas que já li, ouvi ou ouvi por aí. Tocaste-me nas mãos e tocaste-me nas lágrimas que escorriam sem parar. Com aquelas palavras que foram tantas e que hoje parecem tão poucas, tão mínimas, tão sem vida. Hoje o desespero é tão fundo. E o vazio tão esburacado.

Trais-te sempre que escreves para outro alguém as mesmas coisas que escrevias para mim. No fundo sabes que as palavras são só nossas, e sabes que me trais a mim também. Mas também sabes que não guardo rancor. Não me importa. Quando me apercebo que não és capaz de me olhar nos olhos, sei, nesse exacto momento, que, de uma forma que nunca ninguém entenderá, serei sempre tua. Se já sabia que eras meu fico mais completa por saber que tudo é recíproco e que a sintonia não desapareceu com aquela parte de ti que partiu.
Sei que o nosso amor é platónico e carnal. Sei que podes trair-te a ti, a mim, a ela - não importa, porque seremos sempre um do outro. As palavras ficam, de mãos dadas com o eterno desejo.

Ficam todas menos as que não quiseste guardar. A minha carta mais genuína vai dissipar-se por aí. O brilho prateado das letras desenhadas à mão irá desaparecer e as palavras tornar-se-ão baças. Sem amor. Sem quase nada. Como nós.

...mas meu anjinho, eu serei sempre tua (e ninguém precisa de nos entender).

4 comentários:

  1. obrigada, mas sabes que adoro a tua escrita madalena, é simplesmente lindo :)

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  2. Adoro a tua forma de descrever este tipo de sentimentos :)
    E escrever faz bem, eu pelo menos acho :)

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  3. a sério? :o ahah coincidência :) não nao vamos falar disso ahah

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  4. ja nao existem palavras para tanta magia das tuas maos , da tua alma ! ! ! mambino R :)

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