o cigarro das 3 da manhã... e tu

Acendo o cigarro das três da manhã, à janela, para que o fumo se dissipe lá fora e não deixe qualquer rasto, e olho as estrelas, a lua, as cinzas a voarem, o tom azul acinzentado do fumo a desaparecer lentamente sem se perceber bem por onde. Penso em ti, em como é bom matar o desejo de fumar um cigarro e ter-te ao pé de mim a dizeres para não o fazer, a lutares para mo tirares, a esboçares mil sorrisos. Penso em como me completa ter-te junto de mim: de noite, de dia, de madrugada. Penso em como é perfeito adormecer a teu lado, em conchinha contigo, com os teus braços enrolados na minha cintura, com as tuas festinhas no meu cabelo, com o teu cheiro por perto. Penso em como não existe nada melhor do que acordar com um beijo teu, com a tua voz roca e ensonada, com as cócegas matinais, com as guerras de almofadas. Mas, meu amor, como esta noite não poderá ser assim (e oh, como isso me entristece), prometes que dentro de umas horas, ao acordar, me tocas à campainha e me entras pela casa dentro, para vires enrolar-te comigo e eu saciar as saudades dessas nossas noites a dois? Meu amor, prometes?