26.6.11

please

Guarda. Guarda a mentira que foi o nosso amor, que tu insististe em gravar, naquele presente (já transformado num pretérito mais-que-imperfeito), como uma bela e verdadeira história. Guarda a mentira da tua própria pessoa, guarda tudo aquilo que não me deste. Guarda o meu cheiro, o meu sorriso, o meu olhar, o meu toque. Guarda tudo aquilo que era meu, te entreguei, e se estilhaçou, quase como o teu reflexo no espelho. Guarda a máscara à prova de tudo (pensavas tu) que usavas a todo o tempo, orgulhoso. Guarda tudo no fundo de uma gaveta. Guarda bem, guarda com amor, guarda com rancor, guarda com nostalgia ou guarda com ódio... mas guarda. Fecha a sete chaves essa gaveta, ou armário, se assim for necessário, dos teus caprichos e atira a chave num bosque qualquer. Escava um buraco e guarda as memórias já por mim queimadas. Reúne as fotografias dos momentos de alegada cumplicidade, inocência ou, até mesmo paixão e, deita-as no caixote terrível e sem fim que é o teu passado, para que não possas folheá-las mais. Valoriza a palavra "passado" e dá-lhe esse mesmo significado. Guarda as memórias desse passado, onde quiseres, quando quiseres, como quiseres, e não voltes a procurá-las. Apaga o meu número dos teus contactos, retira a minha fotografia do teu placar de cortiça, esquece a minha morada, e vai... De uma vez por todas, liberta-me da prisão que és tu e que foi o meu passado contigo, faz com que eu desapareça de ti, para que tu possas desaparecer de dentro de mim!

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