1.7.11

I wish you

Preciso de soltar as palavras que estão trancadas e arrumadas nas gavetas mais profundas dos meus pensamentos e fazê-las esvoaçar num céu azul celeste. Preciso de desenhá-las, com harmonia, como se fossem notas musicais numa partitura. Preciso de as arrancar e de as fazer voar pelas inúmeras folhas de papel existentes no bosque da minha mente. Preciso de as conjugar em conjuntos atípicos e arrebatadores. Preciso de escrever e de descrever, esta chama eterna que me acompanha. Preciso de me libertar deste desejo inconcebível que se apodera de mim, dia após dia, noite após noite: o de querer sempre mais e mais. O desejo de querer, every single day, contemplar um belíssimo pôr-do-sol, com os teus braços enrolados na minha cintura e a tua cabeça encostada no meu ombro, ou de correr à beira-mar em busca de tudo e de nada, ou de te amar, em termos meramente carnais, no meio das rochas, de um modo selvagem, ou de fugir de barco para uma ilha qualquer, ou de passear pelas ruas mais antigas de Lisboa, ou de rir à gargalhada das atitudes superficiais da sociedade de hoje em dia, sempre a teu lado... ou de me rir contigo, ou de sorrir devido a ti. No fundo, o desejo de te desejar tanto, o desejo que me percorre a espinha, o desejo que me provoca nós na garganta, o desejo que me arrepia na nuca, o desejo que me faz cócegas na barriga, o desejo que me controla, o desejo fugaz, o desejo que me atrai, aquele a que não consigo resistir. O desejo de uma fuga impetuosa, o desejo de uma relação quase proibida. O desejo, impossível de se ignorar, torna-se num ciclo vicioso que me faz ficar a olhar, fixamente, para o tecto, lá para o branco sujo, do meu quarto, enquanto estou deitada de pernas para cima, demasiado feliz, a morder o lábio. 

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