26.7.11

something about the past#1

Quero apenas que me deixes respirar, coisa que neste Mundo é difícil fazer. Deixem, de fazer perguntas desnecessárias, eu preciso de espaço, eu preciso de harmonia… porque este tal espaço hoje em dia está cada vez mais irrespirável; as pessoas em quem confiamos, desiludem-nos cada vez mais vezes. Está tudo de pernas para o ar. Deixa-me chorar, deixa-me tremer, e ficar nervosa como acontece bastantes vezes. Deixa de me perseguir com o teu olhar. Deixa-me em paz que eu não te pertenço. E se não me queres, não procures, não iludas… mas não questiones, não perguntes. Cala-te, age. Quer-me baixinho, devagarinho. Gestos intensos e fortes. Mas força, a vida é breve.
E se puderes, sem medo: deixa a fotografia que eu gostava em cima da mesa, para eu pensar que o teu sorriso cresceu e envelheceu comigo. Deixa eu ter a tua palma da mão mais uma vez na minha, sê o meu verdadeiro abrigo. Deixa a luz acesa e a porta entreaberta, não me faças mexer a minha voz, eu própria silencio. Deixa o coração dizer o que eu calei um dia. Deixa tudo sem barulho, dizendo que ainda é cedo. Deixa o nosso amor morrer sem graça. Deixa tudo como está, muda apenas o evidente. Deixa lembrar tudo, eu finjo que esqueço. Deixa e quando não voltares eu finjo que não me importo. Deixa eu ver se recordo de uma frase de efeito, para te dizer vendo-te fechar a porta, atrás dessa. Deixa o que não for urgente. Deixa o meu olhar doente. Diz que posso falar sempre que eu precisar, que qualquer coisa eu aviso. Deixa o que fingiste levar, e deixaste de surpresa. Deixa-me ao menos ver se consigo (ou fingir). Se o adeus demora, a dor expande-se. Deixa a porta trancada para eu não ver a tua ausência. Deixa a minha insanidade que é muito do que me resta. Deixa-me pôr à prova toda a minha resistência. Deixa-me confessar os medos do claro e escuro. Deixa-me sonhar, que tu não tens pressa. Deixa a dor que te causei, que agora é toda minha. Deixa tudo o que eu não disse, mas que tu sabias. Deixa tudo o que tu não disseste, e eu tanto precisava. Deixa o que era inexistente, e eu pensei que havia. Deixa o que me prometeste e eu pensei que dava.
Deixa-me contar-te que era farsa a minha voz tranquila. Deixa acontecer. Não te tentes desculpar, não tentes explicar, nem tentes esconder. Não tem jeito não, mas não precisa de ter.
Tiveste a força incontida, de me desarrumar tudo e a vida, riscaste todo o meu caminho.

(Aqui fica o recado, volto já…)

 Fev.2009

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