28.9.11

slowly

Tiveste-me, e estás a deixar-me ir. Estás a deixar-me partir de um modo tão vagaroso que chega a doer, obrigando-me a revisitar o passado e ao voltar ao assombroso presente, vezes sem conta. Tenho vislumbres desse passado contigo e depois volto ao real; imagino que me passas os dedos pelo cabelo e que te diriges a mim carinhosamente, e só instantes depois me apercebo de que não estás. Que tens deixado, com esse tão falado tempo, de estar. Que já não te conheço os gostos, a vida, ou os defeitos. Que já não sei como reagir ao teu toque. Que já não te sinto presente, mesmo quando te aproximas de mim e do meu corpo. Que já não sinto borboletas na barriga, nem coro com lendas de paixão. Tudo acontece lentamente, e eu abandono os lugares que outrora eram nossos e que hoje são apenas teus. O amor passa a ser conformista. Talvez esteja a dissuadir-se no espaço. Talvez se tenha atirado duma colina, e talvez tenha levado a minha vitalidade com ele. O tal tempo corre e a vontade morre. A saudade do ontem queima-me de dentro para fora. Mói. Corrói. Destrói.

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