1.9.11

tomorrow is the day

Esperamos, ansiosamente, pelo dia de amanhã, desde que ambos soubemos que a distância iria ser um obstáculo entre nós durante este verão. Um obstáculo durante demasiado tempo, a meu ver. Sofremos por antecipação e talvez tenha sido sem necessidade, canalizámos a raiva e todos esses sentimentos rancorosos que a saudade e a angústia despoletaram um no outro, vivemos alguns dias mais tristes do que os normais, mais sós, mais cinzentos, mais perdidos no tempo e desprovidos de esperança. Contámos os dias, e quando o sorriso já era de orelha a orelha pela chegada do grande dia estar quase quase, chegava alguém e mudava todos os planos. Acontece. Foram desencontros e mudanças que, como tudo, não planeámos nem desejámos. Felizmente, e agora posso ter certezas, que amanhã será o grande dia. 
Ao início, nunca pensei que estar longe fosse tão duro.  Aí, já depois de divididos pelos espaços, dei conta de uma vontade avassaladora de voltar atrás e viver outra vez um certo momento, ainda que apenas por uns meros segundos. O momento torna-se limpo, sereno e feliz, só de pensarmos nessa possibilidade. E, minutos depois, damo-nos conta da realidade, nua e crua. Os dias demoram séculos a passar e as memórias invadem-nos os pensamentos a toda a hora. Parece que damos passos atrás na nossa vida, parece que regredimos como pessoas, parece que vamos perdendo um bocadinho de nós próprios com o passar do tempo e parece que todas as sucessões normais da vida perdem o sentido. A existência humana perde-se um pouco, e nós, obviamente, perdemo-nos com ela. Somos arrastados pela avassaladora distância, e sobrevivemos como podemos, do único modo que agora conhecemos: sozinhos. 
É incrível como uma única pessoa nos pode prender tanto (diria mesmo viciar). Vemo-nos sem respostas para isso e para muitas outras questões, vemo-nos completamente vidrados e apaixonados. Nunca soube ser assim, nunca imaginei que tu te viesses a tornar indispensável e que os meus dias dependessem da disponibilidade dos teus, para se tornarem muito melhores. Conheci outro mundo, que só conheço quando me dás a mão pelo passeio e caminhamos juntos sem um destino traçado, quando olhamos um para o outro nos olhos e solto um riso envergonhado, quando relembro os primeiros instantes a dois, quando me fazes rir durante horas seguidas, quando me confortas com as tuas palavras e me deixas deitar-me no teu colo, fazendo-me festinhas e limpando-me as lágrimas, quando me surpreendes com gestos sinceros e doces como esse, quando me mostras, todos os dias um pouco, que cumpres com as tuas juras.
Sabes bem que não sei rir sem motivo e que não conheço a hipocrisia... e é por isso que te digo que, amanhã, te vou abraçar com muita força e te vou apertar bem contra mim, para sentir que não foges mais. E, sei que o silêncio vai dizer tudo aquilo que as muitas palavras que já proferimos um ao outro não foram capazes de expressar. Sei que não vou trocar o nosso silêncio por nada. O silêncio vai fazer-me crer que estás ali, diante dos meus olhos, a menos de um metro de distância de mim, e que dali para a frente será sempre igual. O silêncio fará com que me sinta segura de nós e com que deixe de agarrar nos lençóis com força, quando não consigo dormir por não te ter. Vou poder, finalmente, poder voltar para os teus longos braços, e prometo-te que volto para ficar.

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