18.7.12

ao desconhecido

Torna-se difícil penetrar nos teus pensamentos e ainda mais difícil decifrá-los a altas horas da madrugada. Numa daquelas madrugadas de verão em que nos mexemos e nos mexemos e somos incapazes de deixar o corpo e a mente caírem no sono. A juntar a isso, és somente tu que não me deixas dormir. Porque te adoro, porque te adoro tanto... tanto. Porque a tua voz ao meu ouvido antes de eu adormecer me faz um bem incrível. Como tu. Mas o teu silêncio também me causa uma agonia terrível. E a falta de paz nas tuas palavras causa-me um desconforto vibrante que não sou capaz de expressar por palavras. Hoje não. Talvez ontem fosse capaz de expressar o que mexe dentro de mim de forma bonita, quando os olhos teimavam em não pegar no sonho e as palavras surgiam ao ritmo da luz e reinavam sem me deixarem seguir em frente e adormecer. Eu só queria um novo o dia. Ontem não tinha o nosso caderno à mão, senão garanto-te que te tinha escrito. Talvez, mesmo já a dormir, as minhas palavras conseguissem chegar até ti. Enquanto acordado foi impossível fazer-me ouvir. E é em instantes como esse que sinto que te desconheço, e que te adoro tanto, tanto, por isso. Sinto que esse amor me pica como um espinho e me faz sangrar sem parar. Me faz chorar noites e noites a fio. Sinto que uma parte de ti está adormecida e que algo no teu rosto está desfigurado, sem conseguir perceber ao certo o que é, e sinto que todos os outros pedaços de ti saltam e gritam demasiado alto, confundindo-se entre si. É tudo tão confuso, como muitas borboletas, de diversas formas, dentro de um frasco de vidro. Não fazes sentido para mim mas em mim fazes tanto, tanto. Desconheço-te mais e mais à medida que o tempo me deixa conhecer-te mais e mais. Desconheço-te e mesmo assim, como se de olhos vendados estivesse, entrego-me, de corpo e alma, e isso dói tanto. Desconheço-te e talvez te adore tanto por isso. Desconheço-te e talvez por isso me assalte o medo a altas horas da madrugada, o medo de te conhecer e de te perder, como se ficássemos desprovidos de mistério e passássemos a ser um mero dado adquirido. Desconheço-te e talvez por isso o meu coração bata tanto quando te avisto do outro lado da rua, por entre as nuvens e o sol radiante. Desconheço-te, e adoro-te tanto, tanto... tanto.

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