certeza tão incerta

Amo-te e oh, esse amor é tão incerto. Tão incerto como fazer chuva ou sol, tão incerto como os estados do tempo, tão incerto como os meus pés nus ou tapados com uma manta na noite de amanhã. Amo-te assim, de forma incerta, porque se ontem te quis sem to dizer, hoje digo-te que te quero sem te querer. Amo-te assim, porque se ontem o meu corpo se alimentava dos teus beijos e carícias, hoje ele rói-se e torce-se de desejo. Amo-te assim, porque se ontem desfilava com um sorriso rasgado na face, hoje escondo o rosto por entre as paredes e o escuro. Amo-te assim, porque se ontem adormeci com as tuas últimas palavras de amor a fluírem naturalmente nos meus pensamentos, hoje vou deitar-me com a certeza de que as palavras de desamor reinarão pela madrugada dentro. Amo-te assim, estranhamente. Amo-te assim, obsessivamente. Amo-te assim, como quem amou, cuidou e deu demais num passado, e hoje ama, aceita e se distancia. Amo-te assim, como um coração que ontem amou e que se despedaçou em mil estilhaços, e que hoje ama de uma forma mais cautelosa mas muito, muito mais intensa. Amo-te assim, hoje mais que ontem, hoje mais que ontem apesar de hoje o demonstrar de forma mais fria e insensata, amanhã com certeza mais que hoje, amanhã com certeza mais que hoje ainda que venha a alargar o passo para me distanciar do teu abraço. Amo-te assim, mais a cada pormenor teu que descubro, negro ou luminoso. Amo-te assim, como só eu sei. Amo-te assim, como eu desejava que soubesses. Amo-te assim, na incerteza da chuva ou do sol. Amo-te assim, 24 horas por dia. E amar-te-ei assim, em cada micro segundo de cada dia do resto das nossas vidas.